Eu que tanto desejei que esse ano fosse dois e mil e doce. Só se merdas forem doces e por motivos óbvios eu não saiba. Não curto escatologia não, obrigada. Quando não é uma coisa ruim acontecido comigo, é com a Pê, com outros amigos e com todos no geral. Ainda essa semana eu ri de alguém que falou sobre perda e morte. Não lembro o que era e nem o que achei ao certo na hora, mas foi algum preconceito idiota com relação a frases feitas e obviedades ditas nessas ocasiões. E agora que to sentindo essa dor ainda tenho de conviver cara a cara com meu defeito.
Poxa Deus, não dava pra ser mais light na lição? Um tapinha não dói, mas bofetada na cara também não vale. Eu sou menina sabia ? Vejam só se não tenho razão em estar triste, com raiva, triste, com raiva e triste ...
Um cara de 39 anos, professor universitário morre atropelado por um biarticulado. Só isso já basta pra nos fazer ficar pensativos. " Orra, 39 anos, morre assim, um biarticulado desses que a gente vê todos os dias, vermelhos...lotados." Mas deixa eu te contar que ele era meu professor. Juro. No 1º semestre de 2011 de Teorias da Comunicação. No segundo de Análise do Discurso. Se você é meu amigo próximo com certeza já me ouviu falando dele. Nós o adorávamos. Alguns achavam que ele causava polêmicas desnecessárias, mas nós o adorávamos. Era acima de tudo um impulsionador do pensar. Nos sentíamos impulsionados a buscar mais conhecimento para nos aliarmos ao seu modo de pensar ou para tentar derrotá-lo.
Um dia me fez chorar na aula... e em um dos dias mais tristes que eu achava já ter vivido me pediu que eu fosse feliz. Foi numa aula em que falávamos do filme Melancolia. Adorava cinema, nos deu várias dicas. Falava demais. Ah que droga meu... juro que pensei em vários nomes pra estarem no seu lugar hoje. droga de verdade. Simplesmente morre e ainda me faz desejar mal aos outros. Dizia que arte é aquilo que nos incomoda. A morte de pessoas legais assim me incomoda e cade a arte nisso tudo? Um nó na garganta, o peito doendo, lágrimas. O frio de uma guria perdida no meio da praça com raiva do mundo e desse funk tocando??? Que arte é essa ??? Ele nos falava de jazz, de música e de vida. Foi uma das poucas pessoas que passou por nossa vida e teve coragem de nos dizer sem dó nenhum que nosso único problema era a preguiça de pensar. Dizia que pensar era cansativo sim, mas que era muito recompensante.
E como era o Victor, foi divertidamente cruel. Nos fez aprender a escrever obituários. Brincadeira sem graça viu. E como ríamos... No seu twitter a descrição está assim: "Jornalista, professor, autor de baixa literatura, pesquisador de Ciências da Comunicação." Mais uma ironia. Justo ele que dizia não crer vai conhecer Deus antes de nós.
Namastê